Lembro
de quando nossa vida era romance. Aquele ‘q’ de comédia alegrava meus dias mais
cinzentos.
Mas
hoje, eu to pulando fora do barco enquanto ele não afunda. To fugindo enquanto
ainda dá tempo.
Nosso
filme virou drama. E tem dias que ele me assusta feito terror.
Vamos
salvar ao menos o respeito. Vamos nos salvar.
Pulemos
fora, mesmo deixando tudo inacabado. Vamos bater em um iceberg, vamos nos
salvar. Eu vou pular pra me salvar, te salvar..pula desse barco que tu nem
entrou..1,2,3 e JÁ!
To
cansada do nosso filme, do nosso roteiro, do enredo, do elenco, dos desfecho
final.
É
preciso saber a hora certa de pular, pro barco seguir seu rumo tranquilo. Tu
não quer pular? Eu pulo sozinha. Mas não vem me dizer que eu não tentei te
salvar, meu bem.
Meu
coração já perdeu guerras demais. Ta doendo ficar no barco vendo a água entrar.
Não
adianta remar contra a maré. Tu agora é o meu porto-nada-seguro.
Boa
sorte pra ti nessa empreitada. Acha mesmo que consegue se livrar de afundar? Eu
to caindo fora. Quero mergulhar em outros rios.
To
abandonando o barco. Acabei de escutar o grito de “Salve-se quem puder”.
Tibum!
Espero que esta carta não
esteja molhada,
Nem da água do mar, nem de
minhas lágrimas.
Da tua marinheira,
Giovana.