terça-feira, 3 de dezembro de 2013

sábado, ainda bem, final de semana.

não sei dizer que sensação é essa,  nem que chama é essa que acende quando chego perto dele. não sei se um dia me senti assim em relação a alguém..pensando bem, acho que nunca senti nada parecido. 
ele é diferente. é diferente por M motivos. entretanto, ele não é o único nem o príncipe que, quando pequena, eu esperava. ele me trata bem, feito princesa - mesmo ele não sendo o príncipe, hehe-, me dá atenção e tá sempre pronto pra uma conversa que me tira de toda a preocupação existente. 
você deve estar se perguntando: ok, e qual é o problema disso tudo? respondo-te: odeio me sentir vulnerável!! 
eu sempre acho que não vai acontecer de novo, mas dai me pego aceitando um convite e pensando: que roupa colocar? o vestido vermelho? não, muito vulgar. aquele estampadinho? não, muito menininha. já sei, aquela blusinha que comprei semana passada? vish, acho que ele já me viu com ela. droga, não tenho roupa. então, coloquei aquele pretinho básico de sempre. 
enquanto arrumava os cabelos, escolhia as jóias e o sapato, tive um ataque de riso. ora, estava sentindo borboletas no estômago..logo eu..logo com ele. eu que sempre critiquei minhas amigas. ele, que era o único homem que eu não podia. era tudo muita ironia. essa coisa toda me fazia voltar aos 12 anos quando eu era uma guria cheia de sonhos e suspiros - e eu odiava isso-. é o tal de amor que caminha ao lado do ódio, só pode. amo o fato de ter alguém e suspirar com ele, mas odeio a ideia de me entregar de bandeja, só por isso. e mesmo não querendo..opa, o interfone tocou. é ele. estou descendo. é possível sentir o perfume de alguém pelo interfone? ai meu Deus, gracias pelo inventor do perfume masculino, principalmente o dele!
- Rodrigo!! - essa era a minha voz de pato miando quando estava perto dele..afe, que péssimo.
- E ai negrinha! Tá linda!
enquanto abria a porta do carro pra mim, honrando seu charme de galanteador - Ta pronta? - indagava.
- Tive pouco tempo pra me arrumar, na correria como sempre - mentindo como sempre, demorei horas pra tentar agradá-lo - mas estou pronta. vamos?
Depois de uma sessão de um filme ultra power romântico, contou-me que tinha escolhido um restaurante bafônico.  fiquei ansiosa e muito receosa. afinal, qual era o motivo pra esse encontro especial?
- Queria aquela música..daquela banda.. ai como é mesmo o nome? cadê aquele CD?
fiquei no vácuo. ele parecia estar com a cabeça nas nuvens, dava bem pra notar.
- Rodrigo? - insisto.
- Hã? tava falando comigo?
- Não! .. Claro que tava né!
- Acho que o CD ta ai no porta luvas..então quer dizer que adorastes a banda que eu te apresente, o Tchê Garotos!
- Pois é, a música 'cachorro perigoso' me faz lembrar de ti, sempre que eu escuto. o que faz a banda e a música serem melhores ainda.
risos. nada mais além de risos. como assim? ele realmente não tava muito bem. eu ali, quase me declarando feito uma apaixonada desvairada e ele não fala nada? só risada? não é nem um sorrisinho meloso, sabe? nem um 'ai, que fofa'. odeio esses meus picos de querideza -.-
coloquei o CD pra tocar e também fiquei em silêncio no resto do percurso. ele nem se quer perguntou 'será que chove?'. nada. silêncio total.
o caminho parecia não mais ter fim. aquele restaurante parecia ser na China, mas finalmente chegamos. ele foi logo querendo saber se eu tinha gostado da escolha.
- Claro, nunca ninguém me trouxe aqui. é chiquérrimo!
- Claro, no mínimo você só saiu com moleques.
fiquei com cara de pastel, sem saber o que responder.
- Vem bobona, reservei uma mesa pra gente - disse, colocando uma mão na minha cintura e a outra na minha mão, guiando-me.
Queria saber como ele fez isso comigo. não sei como em segundo atrás queria o pescoço dele e agora quero me atirar nos seus braços toda a vez que ele olha dentro dos meus olhos e/ou sorri. aaaaaai, aquele sorriso com aquela barba mal feita...ai meu coração!!
Ainda parecia bem distraído..estava ficando cada vez mais preocupada.
- Aconteceu alguma coisa, Rodrigo?
- Oi? Que?
- É que tu ta tão estranho. sei lá, parece com a cabeça na lua.
- To nada, linda.
- Ok, não vou insistir; mas que tu ta, ta sim!
- Eu não vou estragar a nossa noite.
- Então pode começar a falar antes que depois do jantar a minha comida embrulhe no estômago. Aproveita antes que a nossa noite comece pra valer.
- Não, não é nada demais.
- Ah, ja entendi. tu acha que a hora certa de me despejar as coisas é quando tu for me deixar em casa depois de uma baita noite de sexo? to esperando. desembucha.
- Claro que não, linda. é que não sei como vou te dizer isso.
como assim? não consegue o que? Rodrigo estava me tirando do sério com esse charminho. o que ele quis dizer com isso?
- A gente. - foi a única coisa que ele me disse.
fiquei esperando algum complemento. nada. só vi seus olhos desviando dos meus.
- A gente o que? Ta me dando o fora?
- Não é isso. Deixe-me explicar.
- To ouvindo... - falei debochada.
- Igual a você existem poucas, ou talvez nenhuma. tu é perfeita demais. e eu não sou nem perto disso e você sabe disso. tu merece uma pessoa melhor do que eu posso ser. que consiga e e possa se entregar só pra ti. eu não te faço feliz por completo.
- Perai, só quem pode dizer isso sou eu. deixa disso. eu sabia de tudo quando entrei nesse jogo contigo.
- Não, eu não to mais aguentando. fiquei pensando nisso dias, e isso ta me consumindo. tu não merece. as outras mereciam. tu não. desculpa, mas to decidido.
- Bom, então é isso? Acabou?
- É. Um dia tu ainda vai me agradecer por isso, linda. tu sabe que te quero bem.
- Obrigada.
- Hã?
- Obrigada por ter sido mais um idiota que passou pela minha vida. E depois ainda vem falar dos moleques que sairam comigo? Otário!
Peguei minha bolsa, levantei, e saí sem olhar pra trás. Esse é meu destino? porque não é possível sem sempre comigo. sério que são essas as ovoltas que a minha vida vai dar?
para bem na verdade, eu sabia o porque do Rodrigo estar me marcando tanto. além de tudo que ele representava pra mim, além do risco que eu corria quando estava com ele - o que fazia cada vez eu querer mais-, eu estava magoada porque sempre fui eu que terminei os relacionamentos. sempre fui eu a pessoa que dizia as coisas que ele me disse..esse script era meu. eu tava provando do meu proprio veneno.
agora eu tava sentindo o que os caras que eu dispensei - e talvez gostassem de mim mais do que eu gosto do Rodrigo- sentiam. será que eles também sentiram esse aperto no coração? esse vácuo? essa vontade de chorar e gritar? essa repressão de todos os sentimentos? que se dane, borrei toda a minha maquiagem voltando pra casa.
Desde o dia que o Rodrigo que apresentou Tchê garotos, eles se tornaram meu despertador pela manhã, pra todos os dias pensar nele.
'' de que vale o dia ter um lindo sol, de que vale a noite com o brilho sereno, se longe de mim você está ..''
 ué, ta tocando. caracas, é meu despertador. enquanto me espreguiço, uma nova mensagem. era dele.
''Oi negrinha linda, to louco de saudades de ti. Ainda tá de pé o nosso jantar de hoje à noite né? Nao esquece. Te pego ai as 20h. Cheiro no cangote. Beijos!''
Me senti aliviada. Foi só mais um pesadelo. Hoje a noite tenho um encontro..mas dessa vez já vou preparada!

Nenhum comentário:

Postar um comentário