A praia, desde então era seu ponto de encontro, brigas, amores, lances, romances. Eram muito diferentes mas se completavam como João e Maria.
Na primeira noite que saíram foi para olhar o céu. Angela estranhou. Os caras daquela época eram mais românticos que agora, mas estranhou essa poesia (des)necessária de Juliano. Por ela sentariam em algum botequim e relaxariam com bebidas. Entretanto, que o espaço fosse aberto. Angela fumava e não abria mão dos seus cigarros mentolados.
Bebidas, cigarros e uma boa companhia eram o suficiente.
Juliano fez questão de buscar Ângela. Com ele, a tiracolo, levou: cervejas, canga e uma blusa extra de frio –pra ela. Mesmo que, para Ângela, Juliano parecesse meio poeta-esquisito, algo mudou quando aquele cara diferente acabou sendo um diferente bom.
Ângela, como muitas outras, estava acostumada com clichês de primeiros encontros: bares, jantares, batom vermelho, cueca branca, repetições infinitas de frases rodadas. Pela primeira vez sentia-se confortável.
Observando o céu e as estrelas que nele insistam em brilhar, foi despindo-se. Ficou pelada por algo mais importante que a roupa justa que vestia. Ficou nua na alma.
Como menina, confessou historias bobas, enquanto ele indicava bandas estranhas. Ela não fazia idéia daquele gosto musical, nem porque estava ali, mas estava encantada com a vontade dele de misturar dois mundos tão diferentes.
Ficaram horas esticados na canga, sem ver o tempo passar, nem se quer lembrar do tal do botequim. Fizeram a alegria do pipoqueiro, que quando Ângela reparava também olhava para o céu. O céu parecia conversar com alguém.o vendedor e Ângela talvez concordassem com Juliano: era o momento de apreciar as estrelas.
A lua se fazia gigante naquela noite.
Ângela entrou na vida de Juliano da mesma forma que as estrelas invadem o céu: despercebidamente encantadoras. Ele estava ali. Ela precisou olhar para perceber que o amor é um simples esticar de cangas na praia.
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