domingo, 31 de agosto de 2014

Era uma carona normal, quando tu virou na esquina errada

  e parou o carro num lugar escuro.
- Namora comigo? – tu me disse do jeito mais natural.
Quando fui responder, me beijou. Um beijo forte, como as recordações.
 Tu continuou a falar, desta vez, olhando nos meus olhos. -Pra todo mundo saber, pra todo mundo ver um namoro nosso de verdade. Quer? A gente troca as coisas idiotas que fizemos por amizade por coisas idiotas de namorados..e prometo não jogar na cara seus podres que tu me contou enquanto amigos. Namora comigo,Luana?
Dentro do carro Toni me fazia sorrir. Um amasso consciente, mão na nuca, barba roçando no rosto. Trancei a perna na cintura dele, o cabelo ficou no rosto e não precisava mesmo enxergar nada. Meu ponto fraco era o ouvido e ele sempre foi bom com a boca. Já existia uma rota.
 E aí, vai aceitar? Repetiu ele se referindo ao namoro. Brinco que a minha intenção era apenas lhe dar um beijo que o fizesse viajar para um universo paralelo.
 Depois de uns lambuzos e uma aventura..voltei a ganhar a carona.
 Quando descemos do carro, ela nos olhou como se tivéssemos descido de mãos dadas, e que antes disso estávamos brincando de amassos no carro.
 Não que fosse uma má idéia.
No ouvido dele, falei: Obrigada pela esquina errada. Não sou tua namorada, mas ainda posso cumprir o que meu beijo te prometeu naquela parada no escuro.

quarta-feira, 13 de agosto de 2014

Eu não sei onde tu está, não sei se realmente tu existe e, de verdade, já ando meio descrente disso.

Leia ao som contagiante https://www.youtube.com/watch?v=OmLNs6zQIHo

Mas, meu bem, se não for por amor, que ao menos, seja por ti.
 Que eu consiga reconhecer o amor em ti quando olhar o brilho dos teus olhos. Que este dia seja ensolarado, porém com um friozinho, para dar um ‘q’ de romantismo. E que ali, então, consigamos ver que houve sim um encontro. Eu te encontrei. Tu me encontrou. Nos encontramos.
 Que tu me fale alguma coisa. Só não me chame de gostosa, ok? Que tu me ache engraçadinha, ao menos, já que a timidez me deixa com ar de boba. Alias, que tu diga que o meu sorriso envergonhado é charmoso. Que tu esteja vestido de azul, preto, branco, verde, vermelho, rosa..a cor que for..mas que tu esteja. Que tu te encante comigo de alguma maneira. Que tu comece a entender, aos poucos, o quão complicada eu tento ser, o quão desajeitada eu sou. Que tu te permita me conhecer melhor, e deixar com que eu te conheça também. Que tu entenda o meu blog meio sem nexo onde eu falo de amor. Ou não.
 Que tu me veja com bons olhos. que os nossos olhos se encontrem. Que tu acerte o tom de azul dos meus e que eu erre feio o tom de castanho dos teus, pra que logo tu perceba que o teu olhar me diz tanto que a cor dele não importa. Que tu decida ficar por curiosidade ou porque topa me ajudar a dar um jeito nessa bagunça.
 Que tu possa me fazer sonhar. Que eu possa realizar teus sonhos. Que, juntos, consigamos reverter os erros de percurso. Que a gente se conheça aos poucos. Que tu me conheça aos muitos beijos,olhares. Que eu te conheça aos tantos toques e perfumes novos. Que os meus dias de TPM sejam lembrados pelos sorrisos e justificados pelos quilos a mais com brigadeiro e pizza. Que eu possa contar contigo. Que tu possa brigar comigo e pedir desculpas me fazendo cafuné. Que eu possa te roubar um beijo e te ver sem graça. Que tu possa me ver sem maquiagem e me querer como mãe dos teus pirralhos. que o nossa filha tenha os teus olhos, o meu nariz e a tua boca.
 Que tu possa garantir que não me machuque mais. Que eu garanta que não tenho vergonha de chorar perto de ti: chorar de rir, de tristeza, de saudade, de alegria. Que a gente caia na rotina, como todos os casais, mas não mude por isso. Que possamos reconhecer o valor da companhia um do outro. Que eu te ame como nunca amei ninguém. Que tu me modifique como o teu amor quiser.
 Mas que tu exista..e que não demore muito pra chegar na minha vida. Pra que, logo, eu não me arrependa de nada, naqueles momentos em que a gente questiona o amor. Que tu tenha orgulho de falar da gente pros teus amigos e que eles tenham inveja de ti..de mim..da gente!
 Vem logo, vem..

terça-feira, 5 de agosto de 2014

Tem vaga de emprego. Pago bem!

Ta decidido: vou fazer uma dinâmica em grupo pra arrumar o amor da minha vida.
Já estão todos na sala? Então vamos começar.
Ah, de feio nessa sala já basta eu né. Obrigada você. E você também. Espero que encontrem alguém especial.
Ok, guris, menos dois candidatos. Agora, agrupem-se por idade: quem tem a mesma idade que eu forma um grupo. Como assim 21? Vou fazer 20. você também esta fora da dinâmica. Obrigada. Enfim, os que tem 20 aqui, os de 21 ali, os de 22 lá, quem tem 23 acolá e os que tem 25 ou mais dirijam-se praquele canto. Ah, vocês tem 24? Então vão até a porta e saiam, afinal. O numero não é muito legal pra situação.
Agora por hobby: quem gosta de ler, quem gosta de viajar, quem gosta de ouvir música. Ai, quanta gente. Como vocês são lindos! Mas ganha mais uma fase quem gostar e souber dançar. Aos demais, bye boys.
Pela ocupação: quem trabalha, quem faz faculdade. E vocês aí, fazem o que? Ta, mas quem ai é vagabundo por ser rico e quem é vagabundo por ser vagabundo? À vocês da ultima opção fica o meu agradecimento, mas vagabundo por prazer aqui, só eu.
 Agora quero uma coisas bem simples: nome e porque ainda esta solteiro. Afinal, se você é tem tudo isso de bom, segundo a dinâmica, deve haver alguma coisa estranha por você ainda estar no mercado de trabalho, não é? Sejam breves, por favor.
Vocês podem ir embora. Os outros meninos me convenceram mais, vou ficar só com eles.
Vocês me convenceram e acabaram de sair em vantagem, guris. Vou pensar no caso de cada um e ligo depois pra dar um feedback. Lembrando que é fase eliminatória.
 Ninguém atendeu minhas ligações. Ninguém demonstrou interesse pelo emprego.
Tá sobrando vaga, tá faltando gente pra ocupar.
Tem vaga de emprego! Pago bem!

sábado, 2 de agosto de 2014

- Ué, tu por aqui?

 - Então, vim te desejar boa viagem. Boa sorte. Boa sorte na viagem
(Risos)
Em meio a sorrisos bobos. Um abraço apertado, daqueles que um escuta as batidas do coração do outro. Guilherme, logo, parecia assustado.
- é, eu sei, faz tempo né? Você lembra quando foi nosso ultimo abraço? Nem eu, Gui. Acho que foi por isso que eu vim até aqui. É um absurdo eu não lembrar. Logo a gente que costumava se abraçar tanto.
- nossos abraços diziam muitas coisas, Cami. Costumávamos fazer muitas coisas. Mas todas elas mudaram.
- mas será que tem essa necessidade de mudar?
 - mas é a situação...- Camila o interrompe.
- independente da situação, tu ainda é tu e eu ainda sou eu. Somos nós. Gostamos de abraços. Somos assim.
 - as coisas mudam, precisam e devem mudar.
- tu bem sabe que eu adoro mudanças e tudo que vem de positivo com elas, mas acho que eu gosto dessa parte fixa da minha vida. Tu é uma parte fixa, está sempre aqui, como falou que estaria. Abraços também são fixos pra gente.
- Olha, será que não podemos continuar essa conversa em outro momento?
- Não!
- Camila, tu só pode estar na TPM, guria.
- tu deixou pra gritar tuas frustrações comigo outra hora e ficou chateado porque não extravasou as verdades pra mim. Eu deixei de me desculpar, deixei pra outra hora e acabei deixando tu esbarrar em outras pessoas pelo caminho.
- é as conseqüências das nossas escolhas. Eu fiz as minhas, tu fez as tuas. É isso. Uma hora ou outra iria ser assim.
- não mente! eu e tu sabíamos que uma hora ou outra iríamos ficar juntos.
 - sabíamos mas não acreditamos nisso.
 - foi ai nosso problema. As pessoas não acreditavam na gente, nos deixamos de acreditar na gente. Eu faço coisas hoje que tu Nem imagina. Tu deixou de gostar das coisas que eu sabia.
- e cadê a parte do ‘nós’, Cami? Chega, ta?
- eu cansei de esperar que a gente volte a acreditar e deixar a vida fazer o nosso encontro casual. Por isso vim aqui te abraçar e te desejar boa viagem.
- presta atenção no que tu acabou de dizer. O teu problema esta ali. TU. Tu só faz as coisas quando tu quer. Tu sentiu falta, tu cansou, tu veio aqui, tu me abraçou, tu foi embora, tu sumiu, tu parou de falar comigo e fez com que as pessoas achassem que o filho da mãe da historia fosse eu. Para de ser mimada porque a vida não espera só por ti, Camila. A vida diz pras pessoas seguirem em frente!
- tu também só Fez o que quis, Guilherme. Tu não quis ir atrás de mim e não foi. Tuas vontades sempre foram bem distantes da minha e tu não cedeu. Sempre foi isso: teu tempo, teus sonhos, teu pensamento, teu ego, teu jeito. Você ainda vem jogar os meus erros na minha cara e dizer que eu sou mimada. Que novidade, né? Nem renovou teu discurso.
(quando Guilherme quis reagir, Camila continuou)
- Eu vim aqui sim te desejar boa sorte. Mas não vim por mim, vim por você. Por mais que tu não acredite, torço por ti. É uma pena que tu não saiba e não faria o mesmo por mim.
 - Para com isso. Chega! Eu não posso e não quero falar disso agora.
- que saco, eu não quero deixar pra outra hora. A gente deixou até o amor pra outra hora, Guilherme!
- Amor, quem ta aí na porta? Quem ta aí? Vou entrar antes pra aproveitar a espuma..vem logo! 
- ela aí e você aqui na porta comigo..não acredito! Pra quem não era ninguém na sua vida, que era só um passatempo pra esquecer de mim..ta durando hein..pelo jeito não me esqueceu ainda!
 Um sorriso irônico nos lábios de Camila, surge.
- Eu disse que essa não era a hora, que droga! (respiração funda)..Calma amor, é engano, eu já estou indo! – diz Guilherme.
(palmas)
- Uau, que ótimo ouvir isso depois de seis anos! Ninguém! (riso irônico).. Eu só devia ser alguém pra fazer você esquecer de si mesmo né? Mas nessa parte tu tens razão: FOI ENGANO! Foi engano isso tudo, foi engano eu vir aqui e acreditar que tu ainda te importava ou que eu poderia ainda salvar alguma coisa. Mas não..não dá pra me salvar de você, não dá pra nos salvar de você e dessa tua mania de me tratar estranho por eu não ser a mulher ideal. Deus me livre ser seu tipo de mulher ideal. Imagina o quão horrível seria ser a mulher ideal de um homem e ficar gritando na banheira enquanto ele discute na porta a relação com a ex-namorada.
 - eu vou fechar a porta e a gente resolve isso outra hora, Camila. Que droga! Deixa pra outra hora!
(...)
Eram 3:00 am e o celular de Camila toca.
- Alô.
- Cami, vamos nos resolver? Vim te fazer aquele cafuné com muitos carinhos que tu sempre gostou. Vim relembrar nosso amor. Abre a porta!
- Sabe o que é Gui..perdi a chave da porta e deixei pra outra hora. Assim, como deixamos o nosso amor. Deixamos o amor pra outra hora e ele perdeu a validade! Passe bem.

sexta-feira, 1 de agosto de 2014

Estava sendo uma época difícil.

 Sempre fui meio maniática/neurótica – ou qualquer adjetivo que se encaixe aqui - , mas nessa semana estava disposta a seguir algumas regras. Criei, então, um ‘Tratado para dessa vez cumprir’. Ele era basicamente um bocado de regras que eu deveria seguir para ter a vida que eu ponderava aceitável para mim. Eram normas bem simples; como manter o guardo organizado – ou pelo menos não deixar as roupas e papéis tão espalhados-, ter horário para dormir e acordar, tentar não comer muito doce, ir ao menos duas vezes na semana na academia. Não durou muito tempo, confesso.
Fui ficando mais velha e tendo outras cobranças da vida e como conseqüência outras cobranças de mim para mim mesma. Deveria evitar abrir a minha boca quando o assunto for polêmico – pra não causar mais polêmica, porque minha opiniões sempre é um ‘buuum’ nas rodas de conversa -, ter um controle financeiro, manter tudo que eu faço bem feito para evitar incômodos futuros, ter um bom relacionamento familiar, fazer a manutenção seguida das amizades. Nessa fase, também queria uma postura mais calma, com uma áurea que fazem com que as pessoas queiram ficar perto, com poucas mas sábias palavras e um controle emocional maior. Queria estar com a alma livre, sonhadora e sempre otimista, com uma pitada de equilíbrio ‘humoral’. Por fim, o que eu estava fazendo comigo mesma, era tentar me tornar alguém equilibrada, prática e agradável.
Obcecada por essas regras ditas, por mim, como ‘básicas’ eu fui esquecendo o que era verdadeiramente latente em mim. O não cumprimento delas me deixada frustrada e culpada. Em busca de uma imagem doce perante a sociedade, deixei que crescesse em mim amarras que, ironicamente, me deixavam cada vez mais inseguras.
Afinal, quem era eu? Queria tanto regras pra me descobrir e acabei de perdendo. Eu era a espontaneidade. Eu era a artista. Eu era a dançarina. Eu era a explosão. Eu era o silêncio da musica. Eu era o barulho do silêncio. Eu era doce. Eu era azeda. Eu era.
 O meu eu natural, era basicamente uma bagunça oficialmente organizada, ousada e incrível. No meu horário ‘japonês’, trocava o dia pela noite e era quando reluziam inspirações para escrever e cutucar minhas estranhezas.
 Eu passei um bom tempo ocupada e preocupada por ser um ser socialmente aceitável. Hoje, notei que deveria me libertar dessa construção estável. Afinal, o que há de tão horrível assim em deixar um sutiã espalhado vez ou outra? O que tem que estar sempre em ordem mesmo, é o que realmente me sufoca: os meus idéias, os meus sonhos, a minha vida. Nada tem a ver as minhas metas de vida com comer ou não comer carne ou chocolate todos os dias. Nada tem a ver o meu caráter com a imagem que eu passe no meu perfil de rede social, afinal, não sou o que as outras pessoas pensam ou entendem de mim.
 Eu queria aparecer pro mundo no avesso, e é nesse avesso que eu tinha que por ordem!