sexta-feira, 1 de agosto de 2014

Estava sendo uma época difícil.

 Sempre fui meio maniática/neurótica – ou qualquer adjetivo que se encaixe aqui - , mas nessa semana estava disposta a seguir algumas regras. Criei, então, um ‘Tratado para dessa vez cumprir’. Ele era basicamente um bocado de regras que eu deveria seguir para ter a vida que eu ponderava aceitável para mim. Eram normas bem simples; como manter o guardo organizado – ou pelo menos não deixar as roupas e papéis tão espalhados-, ter horário para dormir e acordar, tentar não comer muito doce, ir ao menos duas vezes na semana na academia. Não durou muito tempo, confesso.
Fui ficando mais velha e tendo outras cobranças da vida e como conseqüência outras cobranças de mim para mim mesma. Deveria evitar abrir a minha boca quando o assunto for polêmico – pra não causar mais polêmica, porque minha opiniões sempre é um ‘buuum’ nas rodas de conversa -, ter um controle financeiro, manter tudo que eu faço bem feito para evitar incômodos futuros, ter um bom relacionamento familiar, fazer a manutenção seguida das amizades. Nessa fase, também queria uma postura mais calma, com uma áurea que fazem com que as pessoas queiram ficar perto, com poucas mas sábias palavras e um controle emocional maior. Queria estar com a alma livre, sonhadora e sempre otimista, com uma pitada de equilíbrio ‘humoral’. Por fim, o que eu estava fazendo comigo mesma, era tentar me tornar alguém equilibrada, prática e agradável.
Obcecada por essas regras ditas, por mim, como ‘básicas’ eu fui esquecendo o que era verdadeiramente latente em mim. O não cumprimento delas me deixada frustrada e culpada. Em busca de uma imagem doce perante a sociedade, deixei que crescesse em mim amarras que, ironicamente, me deixavam cada vez mais inseguras.
Afinal, quem era eu? Queria tanto regras pra me descobrir e acabei de perdendo. Eu era a espontaneidade. Eu era a artista. Eu era a dançarina. Eu era a explosão. Eu era o silêncio da musica. Eu era o barulho do silêncio. Eu era doce. Eu era azeda. Eu era.
 O meu eu natural, era basicamente uma bagunça oficialmente organizada, ousada e incrível. No meu horário ‘japonês’, trocava o dia pela noite e era quando reluziam inspirações para escrever e cutucar minhas estranhezas.
 Eu passei um bom tempo ocupada e preocupada por ser um ser socialmente aceitável. Hoje, notei que deveria me libertar dessa construção estável. Afinal, o que há de tão horrível assim em deixar um sutiã espalhado vez ou outra? O que tem que estar sempre em ordem mesmo, é o que realmente me sufoca: os meus idéias, os meus sonhos, a minha vida. Nada tem a ver as minhas metas de vida com comer ou não comer carne ou chocolate todos os dias. Nada tem a ver o meu caráter com a imagem que eu passe no meu perfil de rede social, afinal, não sou o que as outras pessoas pensam ou entendem de mim.
 Eu queria aparecer pro mundo no avesso, e é nesse avesso que eu tinha que por ordem!

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