
eu sempre fui assim, acanhada; despercebida, antes até bem mais que agora. era sempre eu a foragida de gritos escandalosos, abraços demasiadamente apertados, brincadeiras sem graça ou barracos em lugares cheios. escolhia ficar de fora de todo esse tráfego intenso de movimentos e superficialidades. gostava/gosto de ser mais observadora das sensações alheias, interrogadora de dores, questionadora de posicionamentos, virtudes, e verdades. contudo, mantinha tal barreira divisória e indivisível; porém necessária. aquele ponto crucial entre se tornar, ou ficar apenas na especulação.era nessas horas que,às vezes, vinha alguém e comentava com fulano de tal, o que chegava até mim: é metida, ou então: ela é esnobe, enjoada. tudo isso quando na verdade, era só essa minha mania infantil de observar o movimento dos corpos, tentando decifrar sempre, entender o porque daquilo, tentar gostar daquele outro, ver, antes de agir; sempre! sem nunca encontrar a resposta, me permitindo teorizar que, alguns vinham para a vida carregados de uma sorte que, outros só teriam em pensamento - ou sonho. e falavam então, que eu olhava de cima, por entre o nariz empinado, com desprezo e dó por todos esses e aqueles; enquanto não passava de uma menina com olhos atentos e vivos, a boca semi-cerrada , figurando a mesma cara amarrada de sempre. guria insegura, descabida em si, olhando para os pés, ou mesmo decifrando o chão e quaisquer desigualdades nele postas, ajeitando as roupas meio bregas e fingindo pouco ligar pro resto do mundo: feliz apenas em estar consigo e ninguém mais; completa numa solidão cúmplice de ser sozinha e não se descabelar por conta disso..tendo em mente que em sua própria companhia, não há margem para o erro, não existe quem a trairá..porque as conclusões exatas, só podem ser tiradas do forno quando conhecemos o não só as lágrimas, quanto o sorriso alheio. as graves faltas, os desejos mais profundos e disseminados. convencidos somos todos nós, das próprias crenças, daquilo que nos cerca e podemos atingir, talvez por isso, assim quieta e desinteressada nos fatos comuns, nas histórias repetitivas, e das pessoas sem sal nem pimenta, assim: esnobando a vida, se resguardando em si ::
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