terça-feira, 14 de dezembro de 2010
eu nunca entendi
as milhões de faces do amor. as vezes surge de maneira exagerada, de maneira subjetiva e às vezes nem percebemos quando chega, apenas sentimos e nem definir conseguimos. foi vasculhando o meu baú de fotografias, que lembrei de um fato que se encaixa perfeitamente nesta última hipótese. primeira série, ensino fundamental, sete / oito anos de idade .. a primeira grande revelação do amor a mim. recordo que todos tinham alguma paixãozinha no colégio, na época, era definido como 'gostar'. era a mesma pergunta quando se falavam em garotinhos: 'você gosta de quem?' e todos tinham os seus preferidos. se bem que acho curioso essa maneira de definir o amor... existe algo mais simples e, ao mesmo tempo, mais belo que ouvir um 'eu gosto de você.'? tenho certeza que não, porque é simplesmente gostar mesmo ainda mais quando se trata de criança. mas toda a sala tinha seu princepezinho, ele que era sempre o primeiro a ser procurado com o olhar para ver se não tinha feito um gol na aula da educação física. ela, a protagonista nas pecinhas de teatro de final de ano, que você rezava pra todos os santos pra ser o seu par na festa junina ou o seu amigo secreto. é ele monopolizava o coração das gurias e comigo não era diferente. por haver alguns coleguinhas com problemas de visão, os locais na sala de aula eram marcados pela prof e cada um tinha o seu lugar fixo, que alternava conforme ia passando os ajudantes da semana. certa vez fui contemplado a sentar-me bem ao lado dele, durante um mês inteirinho... não podia nem acreditar. era o mês de maio, mês da mães, recordo-me que naquela semana faríamos uns desenhos em homenagem a elas e eu tinha vários estojos grandes, de zíper, com hidrocor, lápis de cor, giz de cera... um verdadeiro arsenal de cores. era a minha chance de, pela primeira vez, conversar com ele, pensei comigo, mas não deu muito certo. ele havia pedido meus lápis de cor, mas todos estavam sem pont, dai ele me devolveu e virou pro lado. poderia haver decepção maior pra uma menina de oito anos? não, não poderia.! cheguei em casa com uma missão: deixar meus lápis de cor tinindo de tão bem apontados, mas havia motivo; eu não poderia decepcioná-lo novamente, foi então que pedi a ajuda à minha mãe. no dia seguinte, orgulhosa do meu trabalho, emprestei novamente o meu estojo e dessa vez a resposta foi outra, bem diferente. recordo-me até hoje, sem tirar nem pôr palavras: 'nossa, brunna, que bonitinho, tudo apontadinho ..quer desenhar comigo? eu fiquei radiante; mas era época de um amor diferente! nunca mais eu desapontei meus lápis. ::
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