quinta-feira, 22 de maio de 2014

Sentado na rodoviária, em pleno inverno da serra gaucha.


La estava ele, um pastel folhado já pela metade, um café quentinho e um possível sonho misturado com ansiedade e medo.
 Aqui estava eu,uma mochila e um turbilhão de sentimentos que faziam com que me corpo tremesse dos pés à cabeça, olhando-o pela janela do ônibus.
Era frio de agosto, daqueles de renguear cusco, e o vento soprava forte, fazendo um escândalo, do lado de fora. Minha mãe tentou de todas as formas me fazer mudar de idéia; meu pai, nem sonhava que La estaria; a professora de geografia passou algum tempo dando indiretas(diretas) em suas aulas, de que o Acre não estava nem perto de ser ‘vizinho’ do Rio Grande do Sul. Tentaram. Tentaram muitas vezes. Mas foram tempos planejando e muitas noites buscando explicação (por sms, skype e todas as redes sociais possíveis) de porquê o amor ter cruzado tantas fronteiras e ter ido tão longe. Tentaram. Tentaram. Em vão. Já viram alguma libriana desistir (fácil) daquilo que coloca na mente? É mais fácil dançar tango no teto, como canta Barão vermelho. Mandei uma mensagem dizendo: ‘’prepara o café, moço..to levando bolo!’’ e fui.
Éramos muito próximos, mesmo que longe. A distância trazia mais falta na noite, em casa, na cama. Troquei, muitas vezes, noitadas com amigos pelas madrugadas de gargalhadas que ele me proporcionava. Como não ir a sua busca? Como não encontrá-lo? Eu havia descoberto alguém de alma leve que me fazia ser eu mesma, pura, sem toda aquela pressão pra parecer mais do que eu era. Sem maquiagem. Com defeitos. O sorriso dele pela web me desejando ‘Boa noite, nega!’ aguçava minha persistência em senti-lo.
 Aquele guri era o certo vindo pelo torto. Ele era o torto vindo pelo certo. O perdido em alguns quilômetros de mim. O encontrado em mim sem nenhum quilômetro. A história era abusada e não seria a distância que faria com que eu desistisse das reticências dessa loucura.
Sentada naquele ônibus, me vi feliz. Acho que a felicidade é olhar um ‘desconhecido’ e ver que de desconhecidos não tínhamos nada. De desconhecidos passamos a ser desencontrados. Agora, encontrados!
Pra aqueles que acreditam: o amor estava sentado, me esperando, do lado de fora, no frio, daquela janela!

quarta-feira, 21 de maio de 2014

Carta ao futuro marido.

Amor, (deve ser assim que eu te chamo)
Não sei teu nome, não sei como é psicologicamente e muito menos tuas características físicas; afinal sou tão diversificada e com gostos tão exóticos. Eu não sei se curte Claudia Leitte, se ‘aprova’ minha dança ou minhas tatuagens (que provavelmente eu já tenha tido coragem de fazer), não sei se aceita esquentar meus pés gelados e se sabe cozinhar. Eu também não sei...tu pode ser um homem total do meu oposto. Se for essa opção, eu não sei como, mas tu conseguiu me levar ate ao altar. Durante a escrita dessa carta, eu não sei de nada, não sei como foi, mas quando você estiver lendo, provavelmente, vai dar um sorriso largo. Isso eu aposto que tu deve ter!
O que eu sei, hoje, escrevendo, é que a gente se casou. Que façanha foi essa, tchê? Logo eu, que sempre disse que achava brega casar , já que o casamento tava se tornando tão banal. Para chegar ate aqui, eu devo gostar muito de você, hein. E se eu gosto, isso já me basta pra te escrever algumas palavras nuns anos antes. –risos.
Possivelmente tenha te enrolado bastante ate te namorar. Era arisca de relacionamentos. Tu conseguiu quebrar o gelo..parabéns! namoramos por muito tempo? Não sei. Sou levemente impulsiva pra te responder. Acho que devemos ter morado juntos, pelo menos, um ano ..ou não. Sou tão intensa. Enfim, quero te falar algumas coisas, já que não te conheço e, assim, fica muito mais fácil.
 Não é pedir demais que você seja meu amigo, não é? Não quero que seja uma amizade inventada pra parecermos um casal completo. É provável que antes de amores, fossemos amigos..então, continue com essa amizade-amante! Seja meu amigo e participe do meu dia como um fiel companheiro. Não precisa ser aquele mala, grudento. (você na deve ser..caso contrario não estaríamos chegado a esse estagio, hehe). Me deixe sozinha por um tempo – para ler livros, estudar, ouvir musicas, cantar, pensar na vida-, que eu prometo deixar um tempo livre pro teu futebol, vídeo game e instrumento musical.
Vamos combinar duas coisas? Não deixe de pendurar a toalha e baixe a tampa da privada. Pode ser bobo, mas podemos evitar alguns conflitos em épocas de TPM – ou não- fazendo isso certinho.
Por fim, acredito que seja isso. O tempo deve exigir mais de ti e mostrar mais pedidos que eu evito em deixar claro.
 Psiu, te amo (eu acho, hehe) e fico orgulhosa por termos chegado ate aqui!

sexta-feira, 16 de maio de 2014

Rafael era péssimo em supermercado, mas lá estava ele, comprando amendoim.

 Enquanto ficava na ponta dos pés para alcançar o amendoim da prateleira mais alta, sentiu que alguém batia o carrinho de comprar no seu calcanhar, desequilibrando-o.
Irritado, prestes a xingar, virou-se. Foi quando viu Ariela, sua ex-namorada, um tanto quanto atrapalhada com as compras.
 - Ta precisando de ajuda, gatinha? – falou ele, irônico, enquanto ela ignorava o moço pra arrumar as comprar em um carrinho cheio.
Silêncio. Foi essa a resposta que, nitidamente, cortava a cantava clichê.
- Ok, só espero que junto com tudo isso tenha aquele chocolate com frutas vermelhas que tu gosta, ta em promoção e só assim diminui esse mau humor.
Toda sem jeito, Ariela olhou, sorriu sem jeito e deu um ‘Olá’ envergonhado.
- Que bobo. Tinha que ser você.
 - Claro que sou eu. Em quem mais você iria bater o carrinho?
- Foi mal, Rafa, é porque eu estava meio enrolada com tudo isso aqui.
Risos.
- Meio/muito enrolada, como sempre, não é? Hehe. Relaxa – um tempo pra respirar – Vou indo nessa, vá que teu namorado enxergue essa cena, vai ficar chateado.
- Ele não veio, eu to sozinha. Na verdade, ele nunca vem.
- Que babaca, ele não sabe o quanto é divertido te ver perdida. Eu adorava vir no mercado contigo. Era um pra cada lado e no teu carrinho só tinha doces ou ingrediente para fazer doces.
 - Era engraçado mesmo. Só era chato a parte em que tu não deixava eu levar tanta besteira. – beiço. Fazer comprar sozinha é chato, mas faz parte. E a tua namorada, ta buscando doces também?
- Na verdade eu acabei faz algum tempo.
- Bah, sério? Mas brigaram?
- Não. Só não deu certo. Aliás, deu certo, mas acabou. Essas coisas são bem complicadas. Tu bem sabe! hehe
- É, a Fernanda, minha amiga, esses dias tava falando disso: relacionamento é uma complicada. Eu a questionei, porque a gente não era.
- Com o teu atual é complicado, Ari?
- Ah, sempre é né Rafa...sempre é.
- Com a gente não era.
- É, com a gente não era, mas...E aí, ta procurando o próximo alvo?
- Não chega a ser um alvo, mas já achei. Só to esperando a poeira baixar. Enfim, pra variar, é uma situação complicada, então, vou curtir um pouco a solteirice.
 Sem jeito, Ariela responde: - Nossa, que bacana.
 Rafael pega uma caneta e faz anotações em um pedaço de papel bem amassado.
 - Que isso que tu tanto escreve?
- Ah, é uma coisa que eu esqueci de comprar... Mas e aí, e a sua vó, ta bem? Que saudade dos resmungos dela.
 - Ta bem caduca, mas ta bem. Esses dias ela perguntou por ti. Dai tive a certeza que ta bem caduca mesmo. – risos.
- Vish, elas me odeiam muito?
- Até que não, sabe. Tu foi bem correto comigo quando a gente acabou, então, tudo certo.
- Mas né... E o namoro, emprego, vida..me conta mais sobre!
- Ai Rafa, eu não gosto de falar disso contigo. E sobre o emprego, estou mudando pra outra agência: não vou ganhar mais, mas vou trabalhar menos. Ou pelo menos sair no horário certo.
- Mas você gostava. Lembro de quando ia te buscar e no caminho de casa ia falando como foi seu dia e contava tão empolgada...era tão lindo de ver e ouvir!
Sempre sem jeito, Ari olha pra baixo, mexe no cabelo e fala apressada: - Preciso ir! – arrumando as coisas no carrinho.
O clima ficou muito tenso.
 - Espera, Ari, tua bolsa ta aberta e a carteira quer fugir. – falou Rafael recolocando as coisas dentro e fechando a bolsa.
Se despediram, pediram cuidado um com o outro, e Ariela foi em direção ao caixa.
Rafael, ficou parado observando, saudoso, Ari se afastar. Passa as compras no caixa, tudo sobre o olhar de Rafa, e pega a carteira pra pagar. Quando abre, vê um papel com a letra de Rafael escrito: ‘Linda, vou te esperar, mas ser solteiro é muito chato, então, não demora muito. Quer saber a parte pior? Teu brigadeiro é insubstituível.’
 Ela sorri e baixa a cabeça. Tentou ficar séria enquanto virava pra trás, onde, de longe, Rafael a observava. Olhou nos olhos dele, sorriu e foi embora. Eric acabou fazendo as comprar com um semblante desesperançoso, entretanto, sorrindo. A sorte é que todos os relacionamentos são realmente muito complicados..menos o deles.
Que sorte!

quarta-feira, 7 de maio de 2014

Psiu, já entendi: To te perdendo!

 Eu vejo isso quando te olhos nos olhos. Eu vejo isso quando tu não me olha. Eu vejo isso por demorar para atender uma chamada minha. Eu vejo isso quando tu não me atende. Eu vejo isso quando sai sem rumo. Eu vejo isso quando sai sem mim. Eu vejo isso nas tuas não-respostas. Eu vejo isso com o teu palavreado monossilábico. Eu vejo que tu tenta fazer um esforço pra estar do meu lado e não me magoar, mas não ta conseguindo esconder que ta cansado de mim, da gente e disso tudo que formamos, seja ou casal, um par, ou não. Não pense que eu só reparo e não faço nada, ou que não dói..não pense.
Cara, eu to te perdendo, já entendi.
 Tu sai com teus amigos, não avisa e ainda chega em casa super tarde com bafo de canha. Sinto tuas respiradas fortes antes de entrar no quarto. Tu já nem repara mais em mim e no esforço que to fazendo pela gente. Queria saber qual foi a ultima vez que tu quis me abraçar, me beijar e me sentir, de verdade...
Não tomo a iniciativa porque tenho medo. Medo de ouvir o que não quero, medo que tu conheça outra guria que te faça sentir o que eu não consigo mais. Respiro fundo varias vezes e ate aprendi a contar rápido ate mil, fazendo um esforço danado pra não ser ciumenta nível máster..mas eu vejo tu com alguma amiguinha e fico imaginando que talvez seja ela..talvez seja ela que vá te levar de vez de mim. Eu tenho medo. Não porque ela tenha mais capacidade que eu de te deixar louco, não porque ela seja melhor que eu nem nada do tipo; apenas porque tu precisa de um peido pra acabar com a cagada, apenas porque tu precisa arranjar uma desculpa pra arrumar as malas e bater a porta na minha cara.
Tem dias que eu acho que é paranóia minha e tento me convencer que tu ainda me ama. Mas ai eu começo a falar e tu solta o ar, vulgo, bufa, entediado. Sempre arruma desculpas pra não me acompanhar nos almoços em família, sempre ta cansado e quer olhar jogos. Eu não brigo, não falo nada, não reclamo..mas observo. Fico assistindo tu fugindo do meu mundo, sem ter muito o que fazer.
Qualquer hora dessas tu vai embora e eu não vou fazer nada. Porque olha, meu amor, eu não posso te obrigar a ser meu e ficar comigo. Ver esse desgosto nos teus olhos me machuca.
 Eu queria te dizer alguma coisa que fizesse voltar a ser meu como antes. Queria que tu te declarasse como o apaixonado do começo. Mas eu não posso e não vou te impedir de arrumar as malas e ir. Eu não vou dizer nada enquanto tu junta as tuas coisas e junta coragem pra ser livre.
Vai doer, vou sofrer e vou pensar se eu não devia ter feito algo de diferente pra ficarmos juntos pra sempre. Mas, no fundo, sabíamos que tu nunca me pertenceu.
Eu sei que eu to te perdendo, moço, mas eu não vou te impedir...

sexta-feira, 2 de maio de 2014

Vou te contar os problemas de não estar apaixonada:

 O mundo todo quer que eu esteja!
Na boa, eu nunca posso estar me curtindo, tem que ter sempre alguém pra chamar de meu – nem que seja seu peguete- ,ou tenho que querer pegar alguém ou estar de cara porque não peguei ninguém. Se fosse só a tia chata, tudo bem, normal, mas no fundo todo mundo te olha solteira com um olhar de cobrança do tipo: e aí guria, e o namoradinho?
 O problema da não-paixão é que quando meus amigos (casadinhos) vão num sábado pra o namorado curtir, e eu fico em casa sozinha – com pipoca, cobertores e filmes – , sempre acabo me questionando se realmente eu não ter alguém é um problema. Sei lá, algum defeito de fábrica. E tudo isso porque eu, por vezes, acabo me convencendo que de ser solteira é sim um problema.
Estamos em meio a uma sociedade careta, que trás o lema de que é melhor estar com alguém, mesmo que má acompanhada, do que estar encarando o desafio de ser feliz sozinha.
Tem sempre um motivo pra estar sozinha: ou não dou chance pra alguém que goste de mim, ou fico demais em casa, ou é porque saio demais pra baladas, não olho pras pessoas certas, pego muitos em uma noite, ou então estou sozinha porque quero. De fato, ninguém sabe a razão. E nem querem saber. Só querem que eu namore! Ninguém se importa se eu quero ou não estar apaixonada. Ninguém se importa se eu quero é conhecer o mundo, colocar meu futuro na linha antes de ‘depender’ e dividir minha vida com alguém. Eu não estou apaixonada, mas eu estou viva e vivendo! Hello pessoal!
O problema de não estar apaixonada é porque eu sempre saio de mentirosa. Ninguém acredita. Daí insistem nas perguntas, insistem, até que acabam machucando.
 Aí eu tento me apaixonar. Tento sentir uma falta que eu nem sinto. Insisto em procurar alguém que eu nem sei bem quem.
 O problema de não estar apaixonada é que acabam me cobrando tanto que acabo ficando perturbada. Porque desde que o mundo é mundo, o desespero sempre ferra tudo!
Eu to apaixonada por alguém...por mim, entendeu?