Enquanto ficava na ponta dos pés para alcançar o amendoim da prateleira mais alta, sentiu que alguém batia o carrinho de comprar no seu calcanhar, desequilibrando-o.
Irritado, prestes a xingar, virou-se. Foi quando viu Ariela, sua ex-namorada, um tanto quanto atrapalhada com as compras.
- Ta precisando de ajuda, gatinha? – falou ele, irônico, enquanto ela ignorava o moço pra arrumar as comprar em um carrinho cheio.
Silêncio. Foi essa a resposta que, nitidamente, cortava a cantava clichê.
- Ok, só espero que junto com tudo isso tenha aquele chocolate com frutas vermelhas que tu gosta, ta em promoção e só assim diminui esse mau humor.
Toda sem jeito, Ariela olhou, sorriu sem jeito e deu um ‘Olá’ envergonhado.
- Que bobo. Tinha que ser você.
- Claro que sou eu. Em quem mais você iria bater o carrinho?
- Foi mal, Rafa, é porque eu estava meio enrolada com tudo isso aqui.
Risos.
- Meio/muito enrolada, como sempre, não é? Hehe. Relaxa – um tempo pra respirar – Vou indo nessa, vá que teu namorado enxergue essa cena, vai ficar chateado.
- Ele não veio, eu to sozinha. Na verdade, ele nunca vem.
- Que babaca, ele não sabe o quanto é divertido te ver perdida. Eu adorava vir no mercado contigo. Era um pra cada lado e no teu carrinho só tinha doces ou ingrediente para fazer doces.
- Era engraçado mesmo. Só era chato a parte em que tu não deixava eu levar tanta besteira. – beiço. Fazer comprar sozinha é chato, mas faz parte. E a tua namorada, ta buscando doces também?
- Na verdade eu acabei faz algum tempo.
- Bah, sério? Mas brigaram?
- Não. Só não deu certo. Aliás, deu certo, mas acabou. Essas coisas são bem complicadas. Tu bem sabe! hehe
- É, a Fernanda, minha amiga, esses dias tava falando disso: relacionamento é uma complicada. Eu a questionei, porque a gente não era.
- Com o teu atual é complicado, Ari?
- Ah, sempre é né Rafa...sempre é.
- Com a gente não era.
- É, com a gente não era, mas...E aí, ta procurando o próximo alvo?
- Não chega a ser um alvo, mas já achei. Só to esperando a poeira baixar. Enfim, pra variar, é uma situação complicada, então, vou curtir um pouco a solteirice.
Sem jeito, Ariela responde: - Nossa, que bacana.
Rafael pega uma caneta e faz anotações em um pedaço de papel bem amassado.
- Que isso que tu tanto escreve?
- Ah, é uma coisa que eu esqueci de comprar... Mas e aí, e a sua vó, ta bem? Que saudade dos resmungos dela.
- Ta bem caduca, mas ta bem. Esses dias ela perguntou por ti. Dai tive a certeza que ta bem caduca mesmo. – risos.
- Vish, elas me odeiam muito?
- Até que não, sabe. Tu foi bem correto comigo quando a gente acabou, então, tudo certo.
- Mas né... E o namoro, emprego, vida..me conta mais sobre!
- Ai Rafa, eu não gosto de falar disso contigo. E sobre o emprego, estou mudando pra outra agência: não vou ganhar mais, mas vou trabalhar menos. Ou pelo menos sair no horário certo.
- Mas você gostava. Lembro de quando ia te buscar e no caminho de casa ia falando como foi seu dia e contava tão empolgada...era tão lindo de ver e ouvir!
Sempre sem jeito, Ari olha pra baixo, mexe no cabelo e fala apressada: - Preciso ir! – arrumando as coisas no carrinho.
O clima ficou muito tenso.
- Espera, Ari, tua bolsa ta aberta e a carteira quer fugir. – falou Rafael recolocando as coisas dentro e fechando a bolsa.
Se despediram, pediram cuidado um com o outro, e Ariela foi em direção ao caixa.
Rafael, ficou parado observando, saudoso, Ari se afastar. Passa as compras no caixa, tudo sobre o olhar de Rafa, e pega a carteira pra pagar. Quando abre, vê um papel com a letra de Rafael escrito: ‘Linda, vou te esperar, mas ser solteiro é muito chato, então, não demora muito. Quer saber a parte pior? Teu brigadeiro é insubstituível.’
Ela sorri e baixa a cabeça. Tentou ficar séria enquanto virava pra trás, onde, de longe, Rafael a observava. Olhou nos olhos dele, sorriu e foi embora. Eric acabou fazendo as comprar com um semblante desesperançoso, entretanto, sorrindo. A sorte é que todos os relacionamentos são realmente muito complicados..menos o deles.
Que sorte!
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