Aguardando uma amiga fazer a entrevista de emprego, me deparo com uma sala de espera muito lotada. Ali, o clima não era o mais agradável, todos procurando um ponto para fixar os olhos, nenhum querendo encontrar o olhar do outro. Não eram inimigos, mas não havia conversa para que se enturmassem. Se todos se encontrassem em outro lugar possivelmente seriam amigos, teriam muito do que falar, já que a maioria tinha idades parecidas. de repente, fiquei observando cada um dos candidatos à vaga e no fim me peguei rindo bastante de tudo aquilo que via. Um estava ultra produzido, possivelmente para causar melhor impressão, a outra moderava nos acessórios para não parecer exagerada, mas a sombra pesada pela manha contava um pouco de quem é. O sapato bem lustrado do moço a minha frente mostrava organização, mas ao abrir a pasta para retirar alguns papéis se apresentou ao contrário, caíram folhas soltas por todo lado, mas afobadamente ele consegue recolocá-las e encontrar o que queria. Ele sorriu de canto, e continuou o que fazia. Alguns cabelos eram cuidadosamente penteados e presos, outros acalmados com gel e ainda tinha aqueles que nada conseguiam acalmá-los. As roupas nem sempre eram discretas, uma barriguinha aqui, um decote lá e os homens procurando o melhor ângulo para ver nem que fosse um pouco do corpo. Quando o RH chamou, a moça disse que podia entrar e não houve duvidas, la fui eu. O silencio só foi quebrado quando foi solicitado que cada um se apresentasse. Veio um “bom dia a todos”. Que falso, ficaram lá fora horas e ninguém se olhou. Todos sorriram. como se quisessem quebrar o gelo e começaram a não se ver mais como concorrentes, isso trouxe a sala um ar mais ameno e agradável. Depois de horas, a entrevista coletiva acabou, todos se cumprimentaram e cada um guardava em seu olhar que certamente era o escolhido. Um apenas será chamado, os outros continuarão na luta por outras vagas.
- crônica feita por mim, português 2010, 2º ano.
Nenhum comentário:
Postar um comentário