
Lembro dele dizendo ser controlador de suas emoções. dei aquela risada amarela, aguardando que ele desmentisse, mas fez questão de reafirmar. tudo bem, cada louco com sua loucura, mas ele foi além, disse que controla sua vontade de amar, aqui, na palma da mão.tratava-se de um belo homem. Não era unanimidade mas, no mínimo, maioria simples. ouvia Adriana Calcanhoto, Djavan, Marisa Monte, e ai de quem chegasse perto dele cantando algum funk ou um "Rebolation" da vida. "Ô, musiquinha de gente sem cultura!", dizia em alto e bom tom. amigo de minha de mãe, era fã de carteirinha de cinema, dizia que os filmes de suspense eram sua inspiração, mas também apreciava o bom "jorra-sangue". sou obrigada a dizer que, do alto de seus vinte e poucos anos, era uma das pessoas mais seguras que conheci... Mas como ninguém é perfeito, não demorei pra perceber seu ponto fraco: RELACIONAMENTOS. pretendentes haviam, e não eram poucoas. possuía predicados suficientes pra chamar atenção de qualquer mulher. poucas vezes passava o sábado a noite desacompanhado, mas raramente ultrapassava esse limite imposto por ele mesmo. dizia que não era o momento, não queria se apegar a ninguém, haviam coisas mais importantes. Foi nesse momento que flagrei-me divagando: Ora, há algo mais importante que amar? Que homem era esse que tinha o dom de fazer o amor de fantoche? Como alguém conseguiria controlar um sentimento tão incondicional como esse? dizia pro amor voltar amanhã, na semana que vem, ou se possível, só em 2086. Ele seguia o caminho inverso, e bajulava-se por isso. não era minha intenção, e sei que se meter em vida alheia não é coisa que se faça, mas não tinha jeito: havia comprado briga comigo. tentei explicar o quanto adorável é ser subordinada ao amor, deixar que ele tome a frente da situação, que nos conduza, mas de maneira vagarosa pra que possamos aproveitar cada momento, cada segundo mágico que nos proporciona. perceber que aquele esboço de sorriso ao reparar sua chegada já vale as duas horas enfurnado dentro daquele ônibus, que junto àquela pessoa dá-se a volta ao mundo quantas vezes se quer. Disse que amor não era se apegar à primeira pessoa que surgir, mas que se for pra acontecer, que dê licença e abra passagem, o amor tratará de apegá-los. afirmei que autoconfiança é essencial, mas que em excesso pode virar egocentrismo. Disse que o amor é o melhor da vida, porque simplesmente nos faz feliz. Gostaria de dizer o contrário, mas seria ilusão. ele não cedeu, e foi além. quis apostar comigo que teria amor quando quisesse. baixei a cabeça, recusei sua proposta e, conclusiva, me rendi. Ele inverteu os papéis. que o melhor - e por vezes mais cruel- professor , o tempo, trate de mostrá-lo que amor não é meio, é fim. Não é aposta. É recompensa.
- 22 julho de 2010. antigo blog!
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